domingo, 3 de fevereiro de 2008

Coisas da Vida



Durmo a madorna dos culpados e sigo cínico,

Reparo minúcias curiosas e inconfessáveis;

E nas noites de agonia estupro adágios;

Quero amor, quero poder e mulheres inviáveis.


Sem ouro milagroso e cobiça decisiva,

Sigo o rumo dos poetas e namoro a Saudade.

E das esquinas da vida e dos cheiros femininos,

Canto a dor do que perdi e das misérias da idade.


Sou pai, sou filho e sou amante.

Tenho três milhões de sonhos impossíveis,

Cinco trilhões de coisas por fazer e algo parecido de temores.

Mas contento-me em acender um cigarro e pensar em coisas invisíveis.


Quero as enxurradas da infância, a aflição da juventude e o fastio da velhice,

O elo milagroso de todos os mundos que passei e das experiências atrapalhadas.

Tenho como meu o Templo de todos os templos, de todos os medos e certezas,

De todas as ruas agitadas, bares insalubres e mulheres depravadas.


E quando tropeço no sorriso duma dona bem bonita e cobiçada,

Quando sinto o cheiro apetitoso da Ansiedade e do Prazer,

Quero apenas degustar a carne, cheirar a alma e apalpar a vida,

Como criança traquina acha bão fazer.

Said Barbosa Dib

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