sábado, 15 de março de 2008

MÚSICA BRASILEIRA

Tim Maia se foi há dez anos
Artur Tavares

Há dez anos, em 15 de março de 1998, morreu Tim Maia. Mas a memória do rei da soul music, um dos artistas mais populares da história da música brasileira, não cai no ostracismo – pelo menos não durante a efeméride. Biografia recém-lançada pelo produtor Nelson Motta, turnê de releitura das músicas dos dois volumes de Tim Maia Racional pelo combo Instituto e, mais recentemente, um terceiro volume do clássico, vazado na internet, garantem a presença de Tim entre nós. Em entrevista ao site da Rolling Stone, o produtor Dudu Marote, que mixou, em 2000, estas canções recém-surgidas na rede, ressaltou o valor de músicas inéditas aparecerem 10 anos após a morte do cantor: “Pelo lance cultural, acho do caralho. Enquanto não tinha vazado, fiquei na minha, porque o tape não era meu, mas quando vazou, achei bom demais”, refere-se à posse original do músico William Jr. (da banda de Tim), que mostrou as fitas originais ao produtor durante a gravação de um disco do Afroreggae, oito anos atrás. Dudu mixou os tapes e fez cópias para poucos amigos. “Era um negócio que estava escondido com dez pessoas e de repente o Brasil inteiro se interessou”, comenta, sobre a divulgação da notícia pela imprensa, nos últimos dias.Para o produtor, a divulgação das músicas cumpre um papel que vai além de agradar quem já é fã: “Isso dá um revival do Tim Maia pra essa nova geração, que, de repente, não o conheceu legal. Faz dez anos que ele morreu, e no fim da vida dele ele não estava mandando bem. Ele já era uma caricatura do que tinha sido nos anos 70 e começo dos anos 80”, palpita. E faz as contas: “Uma pessoa que tinha 15 anos em 1986, nasceu em 1971. Hoje, em 2008, ela já tem 37 anos. Gente mais nova do que isso não teve a chance de ver o Tim Maia em sua melhor fase. Para o patrimônio Tim Maia, isso de achar inéditas dele é do caralho, porque preserva sua memória pra mais uma geração. Acho muito importante pro Brasil.”Dudu resume a trajetória das gravações desta nova leva de Racional, iniciada em 2000: “Foi uma mixagem que fiz pra minha referência. Foi em seis dias, rapidinho. Arrumei os canais e pronto. Na época, procurei meus contatos nas gravadoras pra ver se alguém estava interessado, mas o inventário do Tim Maia ainda não tinha saído. Eu tentei umas duas, três vezes e desencanei”. Dudu reproduziu para poucas pessoas suas mixagens, a primeira delas Ed Motta, sobrinho de Tim. E diz não saber quem vazou o material na internet.

Vida e Obra

Pai da soul music brasileira, Tim Maia começou na música tocando bateria, mas logo passou para o violão. Em 1957, fundou no bairro carioca da Tijuca o grupo de rock Os Sputniks, do qual participaram Roberto e Erasmo Carlos. Em 1959, foi para os Estados Unidos, onde estudou inglês e entrou em contato com a soul music, chegando a participar de um grupo vocal, o The Ideals. Em 1969, foi chamado para gravar em dueto com Elis Regina a sua composição “These Are The Songs” no disco da cantora. A projeção rendeu um convite para um LP, “Tim Maia” (1970), que obteve grande sucesso graças às músicas “Primavera” (de Cassiano) e “Azul da Cor do Mar” (de Tim). Nos anos seguintes, mais discos e mais sucessos, como “Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)”, “Réu Confesso”, “Gostava Tanto de Você” (Edson Trindade). Em 1975, convertido à seita Universo em Desencanto, gravou os dois volumes “Tim Maia Racional”, por sua própria gravadora, a Seroma. No ano seguinte, estava de volta à Polydor e ao repertório secular. Mais sucessos seguiram: “Sossego” (do LP “Tim Maia Disco Club”, de 1978), “Descobridor dos Sete Mares” (faixa-título do LP de 1983, que também trouxe “Me Dê Motivo”) e “Do Leme ao Pontal” (de “Tim Maia”, 1986). Descontente com as gravadoras, Tim retomou a idéia da editora Seroma e da gravadora Vitória Régia Discos, pela qual passou a fazer seus lançamentos. Regravado por artistas do pop (Paralamas do Sucesso, Marisa Monte), Tim retribuiu a homenagem gravando “Como Uma Onda”, de Lulu Santos e Nelson Motta, que foi grande sucesso nos anos 90, juntamente com seu álbum ao vivo, de 1992. De Jorge Ben Jor, ganharia o apelido de “síndico”, na música “W Brasil”. Ao longo da década, Tim gravaria discos de bossa nova (um deles com Os Cariocas) e de versões clássicos do pop e do soul (“What a Wonderful World”). Em 1998, no show no Teatro Municipal de Niterói, que seria gravado para um especial de TV, o cantor sentiu-se mal, vindo a falecer uma semana depois. No ano seguinte, seria homenageado por vários artistas da MPB num show tributo, que se transformou em disco, especial de TV e vídeo.

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Tim Maia em DVD

Para ler mais informações sobre Tim Maia, acesse a versão eletrônica da revista "Rolling Stones":http://igpop.ig.com.br/externo/2008/03/15/morte_de_tim_maia_completa_10_anos_com_a_descoberta_de_musicas_ineditas_1230559.html
Para ouvir as músicas do site oficial do cantor, acesse a música "Vale Tudo" ou escolha outras que você gosta. O endereço é: http://www.objetiva.com.br/valetudo/#

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