Por José Sarney*
Depois de um longo período de jejum, afinal os dados e fatos nos apontam para um outro patamar do desenvolvimento nacional: uma nova fase de crescimento. O anúncio de que a taxa de crescimento no ano de 2007 foi de 5,4% bate com os outros números macroeconômicos, que vão dos níveis de emprego, com milhões de novos trabalhadores, até os altos saldos da balança comercial, os mais altos de nosso calvário econômico. Quando lemos uma taxa estatística, ela não se exaure na simples contemplação dos números. Por trás deles há algo mais que os simples símbolos percentuais. Essa taxa de crescimento nos remete à década de 1980 -embora tenha sido chamada de "década perdida"-, cujos anos de 85 a 89 foram os últimos em que tínhamos mantido o Brasil crescendo a esses níveis. Não sei como chamaremos a década de 90. Mas ela foi marcada por baixíssimos níveis de crescimento, não ultrapassando o patamar dos 3%, o que importou em déficit comercial, aumento gigantesco da dívida interna e externa -o que nos levou ao FMI-, desemprego altíssimo e recessão econômica, com todos os seus males. Foi o período também de grave crise cambial, venda do patrimônio público e decréscimo do PIB. Na classificação mundial, passamos da 8ª economia para a 14ª. É bem verdade que, com a globalização, tivemos a influência de uma situação internacional muito desfavorável. Depois de um período de instabilidade, com grande arrochos financeiros para equilibrar nossos gastos, chegamos a um razoável nível de estabilidade, que rende os frutos e os índices atuais. Devemos creditar ao ministro Palocci a coragem e a competência com que conduziu a economia nessa mudança. Como tudo na economia, que é sempre transitória, ao chegarmos a esse novo patamar de calmaria e crescimento, a situação internacional nos inquieta. Não pesa nas nossas preocupações nenhuma possibilidade de desastre, embora não esperemos estar imunes às turbulências que sem dúvida nenhuma aqui terão conseqüências. Vamos ter um ano de instabilidades, porque a economia internacional está com o nervosismo de dente de serra, todo formado de altos e baixos. Os próprios analistas internacionais estão esquizofrênicos, sem saber o que verdadeiramente vai acontecer. Enquanto isso, o Prêmio Nobel Stiglitz põe o dedo na ferida e mostra que nos US$ 3 trilhões gastos pelos EUA na Guerra do Iraque está a fonte da crise americana, que vem bater na gente, que nada tem a ver com esse peixe. E, na roda do tempo e do mundo, morre na França o último voluntário da Guerra de 1914, que vai dormir nos Invalides, junto a Napoleão.
Depois de um longo período de jejum, afinal os dados e fatos nos apontam para um outro patamar do desenvolvimento nacional: uma nova fase de crescimento. O anúncio de que a taxa de crescimento no ano de 2007 foi de 5,4% bate com os outros números macroeconômicos, que vão dos níveis de emprego, com milhões de novos trabalhadores, até os altos saldos da balança comercial, os mais altos de nosso calvário econômico. Quando lemos uma taxa estatística, ela não se exaure na simples contemplação dos números. Por trás deles há algo mais que os simples símbolos percentuais. Essa taxa de crescimento nos remete à década de 1980 -embora tenha sido chamada de "década perdida"-, cujos anos de 85 a 89 foram os últimos em que tínhamos mantido o Brasil crescendo a esses níveis. Não sei como chamaremos a década de 90. Mas ela foi marcada por baixíssimos níveis de crescimento, não ultrapassando o patamar dos 3%, o que importou em déficit comercial, aumento gigantesco da dívida interna e externa -o que nos levou ao FMI-, desemprego altíssimo e recessão econômica, com todos os seus males. Foi o período também de grave crise cambial, venda do patrimônio público e decréscimo do PIB. Na classificação mundial, passamos da 8ª economia para a 14ª. É bem verdade que, com a globalização, tivemos a influência de uma situação internacional muito desfavorável. Depois de um período de instabilidade, com grande arrochos financeiros para equilibrar nossos gastos, chegamos a um razoável nível de estabilidade, que rende os frutos e os índices atuais. Devemos creditar ao ministro Palocci a coragem e a competência com que conduziu a economia nessa mudança. Como tudo na economia, que é sempre transitória, ao chegarmos a esse novo patamar de calmaria e crescimento, a situação internacional nos inquieta. Não pesa nas nossas preocupações nenhuma possibilidade de desastre, embora não esperemos estar imunes às turbulências que sem dúvida nenhuma aqui terão conseqüências. Vamos ter um ano de instabilidades, porque a economia internacional está com o nervosismo de dente de serra, todo formado de altos e baixos. Os próprios analistas internacionais estão esquizofrênicos, sem saber o que verdadeiramente vai acontecer. Enquanto isso, o Prêmio Nobel Stiglitz põe o dedo na ferida e mostra que nos US$ 3 trilhões gastos pelos EUA na Guerra do Iraque está a fonte da crise americana, que vem bater na gente, que nada tem a ver com esse peixe. E, na roda do tempo e do mundo, morre na França o último voluntário da Guerra de 1914, que vai dormir nos Invalides, junto a Napoleão.
*José Sarney é ex-Presidentre do Brasil, atual senador pelo Amapá e acadêmico da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa.
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