sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Coluna do mestre Helio Fernandes


A insegurança de Beltrame


Levou à rebeldia dos coronéis da Polícia Militar


Tenho que reconhecer: Sérgio Cabral está na mais completa tranqüilidade. Apesar de ter desmentido os fatos duas vezes na quarta-feira, como mostrei ontem (no RJ-TV de meio-dia e depois na Globo News de 3 da tarde), estava rigorosamente à vontade. Com o mesmo sorriso de sempre, conversando como se a crise não estivesse aumentando.
E essa crise já repercutia, ultrapassava o Rio, batia no Planalto-Alvorada. O presidente Lula, mostrando que é amigo dele, ligou diretamente para o governador, sem usar secretária. Perguntou: "Sérgio, precisa de ajuda? Estou à tua disposição". Sérgio não teve um momento de hesitação, respondeu: "Obrigado, presidente, não preciso de nada, posso resolver". Isso na quarta-feira.
Os jornais de televisão da noite (na verdade só existe o Jornal Nacional, essa é uma deturpação jornalística do Brasil) não deram muito destaque, pareciam confirmar o que o governador dissera ao presidente da República.
Mas ontem, quinta-feira, os jornais trataram da questão em manchetes, na verdade obrigatórias. O Globo: "Coronéis mantêm desafio com renúncia coletiva na PM". E fechavam essa Primeira, registrando um fato que repercutiu geral por ser inédito: "Novo comandante toma posse a portas fechadas e longe da tropa". O fato era realmente estranho, por dois motivos.
1 - Todo comandante militar, na posse, gosta de "sentir" se os novos comandados estão satisfeitos com a nomeação ou não gostaram dela.
2 - O coronel Pitta, que assumia, até à véspera era tido e havido como rebelde, o que não é desabonador. E até participou da passeata que tanta confusão provocou. Também não se pode reprovar que aceitasse o cargo. Assim, com trânsito nos dois lados, pode conciliar. O que não parece o caso.
Esta Tribuna também não podia ficar longe dos acontecimentos e das manchetes. Saiu assim: "Crise se agrava, oficiais da PM se rebelam". E ao contrário da afirmação do governador na véspera e que a Globo News repetiu maldosamente às 9 da manhã de ontem, sem consultá-lo: "São apenas 6 ou 7 oficiais que não trazem nenhum problema". Mas a Tribuna dá um manifesto assinado por 47 coronéis e tenentes-coronéis.
E finalmente, a Folha, cada vez mais regionalizada e voltada para São Paulo, teve que se render à importância do Rio. Manchete espalhafatosa: "Coronéis da PM afrontam governo do Rio". Não está correta, a "afronta" era contra o secretário de Segurança, numa cidade (e num estado) dominada pela insegurança. E na verdade, tudo começou pela insegurança.
Quando um coronel importante teve a coragem de dizer "que os baixos salários provocam a corrupção", foi logo demitido. A passeata, discreta e sem armas, foi conseqüência normal. A conseqüência anormal: a demissão de todos pelo secretário Beltrame, revelando uma "segurança" que não implanta nas ruas. Nas ruas o que existe é morte, direta ou por bala perdida.
Lá dentro, a Folha vem com nova manchete (igual à desta Tribuna) e ainda publica um artigo de Marcelo Beraba (ex-ombudsman), que coloca tudo no título: "Crise é a maior da gestão Cabral, mas não a única". Nota 10 pelo título e pela síntese.

PS - Apesar do telefonema, Lula não vem mais ao Rio assistir ao desfile das escolas. Preferiu ir para o Guarujá. Lógico, Lula não quis ser testemunha ou alvo de manifestação.

PS 2 - Milhões de pessoas querendo se divertir, o governador garantindo carnaval tranqüilo, o secretário Beltrame acumulando ressentimentos. É a República.

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Respondendo a uma carta de Vicente Limongi, João Havelange faz os maiores elogios que José Sarney já recebeu, pelo menos depois que deixou a presidência da República.
Textual: "Limongi, não sou político, mas não posso deixar de expressar meu pensamento e sentimento a respeito do amigo Sarney".

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Renato Gaúcho tem dito a amigos que mais duas goleadas como a de anteontem e estará recusando propostas do Real Madri, Milan e Manchester. Verdade. Aliás os "4 grandes" estão se iludindo com "goleadas". O Botafogo venceu o inexistente Mesquita por 6 a 2.
Vejamos. No primeiro tempo, fez 4 gols entre os 16 e os 33 minutos. No segundo, perdia de 2 a 1, o Mesquita com 10. Aos 47 fez outro gol, o jogo acabou. A análise vale para todos eles. Amanhã, sábado de carnaval, Botafogo-Vasco começam a "rasgar a fantasia", se enfrentam no Maracanã.

Para saborear a coluna completa de Helio Fernandes, acesse:

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