IPEA: Privatizar é... perder tecnologia
O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, advertiu que as privatizações deflagradas a partir dos anos 90 aumentaram a concentração da inovação tecnológica nas grandes empresas. Segundo ele em 1985, 76% dos recursos voltados para inovação estavam concentrados nas grandes empresas. Em 2005 esse percentual saltou para 81%. Pochmann acrescentou que esse processo atingiu, principalmente as pequenas e médias empresas. No geral, apenas 22% das empresas fazem algum esforço de inovação: "Privatizamos as estatais que lideravam os esforços em pesquisa e desenvolvimento. Tecnologia não pode ser comprada no supermercado. O país abandonou o esforço público e privado pela inovação", criticou. Há também, segundo Ponchmann, uma elite de trabalhadores envolvidos com pesquisa e desenvolvimento: "Apenas 47 mil, num universo potencial de 5 milhões participa. Desses, apenas 27 mil têm curso superior." Quanto aos investimentos, apenas 0,6% da receita líquida é destinada à inovação no Brasil, contra a média de 1,8% na OCDE. "Apenas duas das maiores empresas norte-americanas (entre elas a Exxon) investiram, em 2005, o que toda a indústria de transformação brasileira desembolsou no mesmo ano", comparou. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi) divulgou números que confirmam as preocupações de Pochmann: "O aumento da produção industrial de 6,3%, no primeiro trimestre, foi acompanhado por deterioração vertiginosa do saldo comercial dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação: o superávit de US$ 5,5 bilhões, no primeiro trimestre de 2007, cedeu lugar ao déficit de US$179 milhões no primeiro trimestre de 2008", contabiliza o Iedi.
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