Folha de S. Paulo
19/6/2008
A diretoria da Anac, em reunião há dois dias, decidiu: o cancelamento da autorização para que a VarigLog opere aviões de carga não anula a venda que a mesma companhia fez da Varig, de passageiros, para a Gol. A agência concluiu que pode proibir os vôos caso a empresa não prove que é controlada por sócios brasileiros. Mas não os negócios já feitos por ela.
EU QUERO
E investidores brasileiros já procuraram o chinês Lap Chan, da VarigLog, para se associar a ele, o que atenderia às exigências da Anac. "A empresa é promissora. Temos interesse", confirma Clésio Oliveira, da DTCO. Ele diz capitanear "um fundo brasileiro de logística portuária" que estaria apenas esperando o fim da disputa de Lap com os atuais sócios para fazer oferta. Oliveira é casado com Vandira Peixoto, assessora de José Sarney em Brasília.
Meu comentário: "o ex-Presidente está mais preocupado com os destinos do estado que representa, o Amapá, do que qualquer outra coisa; e quer hoje, mais do que tudo, consolidar sua biografia como estadista que é. Vem tendo pouco contato com questões de somenos. Pode até ser que tenha assessores parasitas e espertalhões como a esposa do Oliveira, que podem querer capitalizar posições em benefício próprio - ou/e o marido. Mas, não creio que Sarney cairia nesta. Tem ódio deste tipo de gente. Mas, para os mal intencionados...
Não é que o casal não tenha força. Com estilo, o casamento de Vandira Peixoto e Clésio Oliveira foi uma festa de arromba transnacional. Realizado na Mansão Flamboyant há alguns meses, superou as expectativas. Tudo de bom estava por lá. A começar pela bela decoração, assinada por Valéria Leão Bittar; a música, que fez todo mundo dançar até a madrugada, o variado bufê, as bebidas cinco estrelas, e, logicamente, a alegria e felicidade dos noivos. Entre os detalhes diferentes, merecem registro o bar atendido por oito garçons do Piantella, as fitas das caixinhas dos bem-casados com medalhas bentas do Espírito Santo e os charutos cubanos distribuídos aos convidados durante a festa. Os noivos curtiram lua-de-mel em Paris, hóspedes do Hotel Ritz. Será que Lap Chan já estava na parada? Com certeza, ainda não".
SAID DIB
O FILÉ
E a Anac decidiu encarar a queda de braço com TAM e Gol e coloca em consulta pública, nos próximos meses, proposta para mudar a distribuição dos slots (espaço para pouso e decolagem) de Congonhas. A idéia é retirar espaços das duas companhias para entregar a novas empresas. Estudo ainda inédito da agência mostra que SP tem atualmente 33% do movimento nacional -13% na ponte aérea Rio-São Paulo.
HERANÇA
Ainda a Anac: além do caos aéreo, a agência ainda lida com o caos administrativo: teve suspensos, nos últimos dias, entrega de jornais, serviço de TV a cabo, malotes e até contratos com empresas de mudança para atender funcionários que mudam de cidade. Os contratos venceram e novas licitações não tinham sido providenciadas pela diretoria antiga.
FIRME E FORTE
O deputado Campos Machado (PTB-SP) está sendo pressionado a adiar a convenção do PTB, marcada para sábado. Tem petebista achando mais prudente, diante do racha dos tucanos, que fazem convenção no domingo. "Minha palavra é como flecha lançada. Apóio Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e não vou adiar a convenção", diz ele.
MERGULHO
Senadora Ideli Salvatti (PT-SC) no estaleiro: a bolsa dela ficou presa numa escada rolante do aeroporto de Guarulhos. Ela tropeçou, caiu de cabeça e levou sete pontos. Está de molho em Santa Catarina.
Empresas unem Lap Chan e Teixeira
Sônia Filgueiras
Sônia Filgueiras
As relações do escritório do advogado Roberto Teixeira com o chinês Lap Chan vão além da representação da VarigLog nas pendências judiciais e administrativas da empresa na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e outros órgãos federais. A filha de Roberto Teixeira, Larissa Teixeira, é também diretora, junto com Lap Chan, de duas empresas em São Paulo cuja atividade principal, conforme as informações disponíveis no cadastro da Receita Federal, é administração patrimonial.Larissa divide com Lap Chan a administração das empresas Aliança Participações S.A. e Belenos Participações e Empreendimentos S.A., ambas com endereço na Rua Diogo Jacome, em Vila Nova Conceição, bairro de classe alta paulistana. Larissa é sócia e advogada do escritório Teixeira Martins Advogados, de seu pai. As duas empresas são sociedades anônimas de capital fechado, ou seja, constituídas por ações não negociadas em Bolsa de Valores. De acordo com o cadastro da Receita, a atividade principal da Aliança é a incorporação de empreendimentos imobiliários e a da Belenos é a de holding de instituições não financeiras, especializada na gestão de participações em outras empresas.Embora a empresa Aliança exista desde outubro de 2000, Lap Chan assumiu sua presidência em maio deste ano e Larissa ingressou como diretora um mês depois. Antes, a direção da empresa estava sob responsabilidade de outras duas pessoas, aparentemente sem relação com os dois. A Belenos é uma empresa nova. Foi criada em março de 2008, mesmo mês em que Lap Chan e Larissa foram definidos como administradores. A reportagem contatou a assessoria do escritório de Teixeira e pediu esclarecimentos sobre a relação comercial entre os dois, mas não obteve resposta até o encerramento desta edição.No processo da compra da Varig pela VarigLog, a empresa foi representada pelo escritório de Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula. Em seu depoimento no Senado, Denise Abreu afirmou que Valeska, outra filha de Teixeira e sócia do pai em seu escritório, teria invocado sua proximidade com a família do presidente para tentar pressioná-la. Teixeira nega as acusações de Abreu.No ano passado, Chan e os sócios brasileiros brigaram. A disputa chegou aos tribunais. Lap Chan acusou os brasileiros de má gestão e os empresários locais acusaram o estrangeiro de estrangular financeiramente a companhia. Teixeira manteve-se como advogado da VarigLog.A ex-diretora da Anac Denise Abreu denunciou ter sofrido pressões para apressar a aprovação da regularidade da VarigLog na agência. Denise afirmou que a ministra Dilma Rousseff a desestimulou a pedir documentos que comprovassem a capacidade financeira dos três sócios brasileiros (Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel) para comprar a Varig. A ministra nega as acusações.
LAP CHAN DIZ QUE DESISTIRIA DA VARIG SE TIVESSE DE ASSUMIR DÍVIDAS
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da Alerj para investigar a venda da Varig e seus desdobramentos nesta quinta-feira (5/10), o empresário responsável pela compra da Varig e administrador do fundo Matlin Patterson, Lap Wai Chan, disse que desistiria do investimento na empresa, adquirida durante o processo de recuperação judicial, caso fosse obrigado a assumir os seus passivos trabalhistas. "Confirmo isso. Seria impossível administrar uma empresa tendo as contas bloqueadas diariamente por decisões judiciais. Pretendemos recontratar os funcionários, mas precisamos resolver questões técnicas", afirmou Chan, sem dar informações sobre quando começariam estas recontratações. Chan ainda criticou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), dizendo que a agência detém o futuro da Varig nas mãos. A comissão anunciou que pretende convocar o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, para depor, em data a ser definida.Durante o depoimento, que durou duas horas, o presidente da comissão, deputado Paulo Ramos (PDT), quis saber por quanto foi comprada a empresa e quanto já foi investido nela. Segundo Chan, já foram investidos US$ 96 milhões na empresa, sendo que do total, US$ 20 milhões foram depositados antes do segundo leilão, para garantir o funcionamento da empresa. "Não participamos do primeiro leilão porque o edital não era interessante. No segundo, resolvemos participar", afirmou Chan. Ao ser indagado sobre o convite que um juiz teria feito para que o fundo participasse do leilão, ele disse não se lembrar que teria dito isso. Ramos pediu então para que fosse reproduzido um trecho de uma das reuniões entre Chan e os funcionários, onde ele afirma que um juiz é quem o tinha convidado. "Eu estava viajando de férias quando o Marco Antonio Audi - conselheiro e sócio da Volo do Brasil, empresa compradora da Varig - me ligou e pediu para que eu analisasse a possibilidade de comprar a Varig. Até então não conhecia o juiz", justificou Chan, acrescentando que durante o processo conheceu todos as partes envolvidas, mas não teve qualquer informação privilegiada de que o seu grupo seria o único a participar deste leilão. "Quando entramos neste processo analisamos os riscos e oportunidades. E a oportunidade é a de que a Varig voltasse a ser uma empresa lucrativa novamente num mercado em expansão", disse o chinês, que se queixou da demora na liberação do Certificado de Homologação de Empresa de Táxi Aéreo (Cheta) pela Anac. O secretário-chefe de gabinete da governadora Rosinha Garotinho, Fernando Peregrino, quis saber se Chan conhecia os termos de um convênio firmado em 2004 entre o Governo do estado e a Varig, onde a governadora, se antecipando a uma decisão judicial, devolveu à Varig R$ 103 milhões relativos ao recolhimento irregular de ICMS pelo estado. Chan disse que não conhecia o acordo, mas que os sócios da Volo do Brasil já estavam em contato com o Governo para conhecê-lo. Ele garantiu também que a parte administrativa da Varig continuará no Rio de Janeiro. Peregrino se reunirá na próxima terça-feira com Audi, para formalizar este compromisso. "No acordo, o Governo, único no Brasil a devolver o ICMS, pediu como contrapartida à Varig que eles mantivessem os 4,5 mil empregos no estado, que aumentassem sua área de controladoria e o número de vôos nacionais e internacionais a partir do Aeroporto do Galeão e que mantivessem sua sede no Rio", lembrou Peregrino, que tentou retirar de Chan o compromisso de cumprimento destas contrapartidas. Sobre a reclamação acerca da demora da Anac em liberar a autorização de funcionamento técnica, Peregrino se solidarizou com a empresa e disse que irá ouvir o presidente da agência para saber o porquê da demora e da burocracia. O próximo passo da CPI da Varig será convocar o presidente da Anac, Milton Zuanazzi. Segundo Lap Wai Chan, enquanto a empresa não possuir o Cheta, ela não poderá funcionar. "Estamos há 60 dias trabalhando neste processo e já cumprimos todas as exigências da agência", afirmou o empresário, acrescentando que sem esta autorização o plano de investimentos na empresa não começará. "Sem estas autorizações não somos ainda uma empresa formal, o que nos impede de contratar funcionários imediatamente e de arrendar os aviões para voar", disse.A data de convocação de Zuanazzi será decidida na próxima reunião da CPI. Na próxima terça-feira (10/10), às 11h, serão interrogados o dono da VarigLog, João Luiz Bernas de Souza, e o gestor da Varig e representante dos funcionários, Miguel Dau. O deputado Paulo Ramos fez questão de sublinhar que o objetivo da comissão é desnudar o processo de compra da Varig e, principalmente, saber o que acontecerá com os funcionários da empresa, alguns deles, sem receber salário há cinco meses. "Queremos analisar este processo de sucessão dos controladores, que excluiu os responsáveis pela construção da companhia. A razão central da suspeição é esta e, paralelamente, garantir os interesses do nosso estado", disse Ramos.
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