Em que pese ser um tema recorrente neste Alerta, não há como evitar a menção à enorme precariedade do sistema de saneamento básico no País ante a notícia que o Estado do Pará possui apenas 4% de seu território coberto por sistema coletivo de esgoto e tratamento. É um triste dado da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) que, complementado por outro do Ipea (Instituto Nacional de Pesquisas Estatísticas) também divulgado na semana passada (52,3% da população paraense não dispõem de água tratada), colocam o Pará muito mal na fotografia dos afamados ‘direitos socioambientais’, principal bandeira de dez entre dez das inúmeras ONGs que atuam no Brasil. [1]Não obstante, alguém já ouviu o Greenpeace ou outros atores ‘socioambientais’ de mesmo naipe, que proliferam na ‘Amazônia’ como aguapé, devotarem ao saneamento básico um centésimo de suas milionárias campanhas regadas a ecodólares pretensamente para ‘salvar’ a floresta? Com as colossais reservas ambientais que foram criadas no Pará por pressão de ONGs internacionais, não admira que a floresta e os bichos nelas existentes estejam muito mais protegidos que os paraenses. Mas essa chaga social atinge o mundo inteiro. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), cerca de 1,5 milhão de crianças morrem por ano pela ingestão de água de má qualidade, bem como pela falta de higiene e saneamento adequados (4.900 mortes por dia). Um terço da população mundial (cerca de 2,6 bilhões de pessoas) vivem sem saneamento adequado, das quais 980 milhões são meninas e meninos. Devido à grande difusão pela imprensa, boa parte da população se inteirou que hoje é o dia Mundial do Meio Ambiente, mas quantos ficaram sabendo que a ONU elegeu 2008 como Ano Internacional do Saneamento? Ou ainda que, no ano passado, o British Journal of Medicine, uma das mais antigas e respeitadas publicações médicas do mundo, fez uma pesquisa entre mais de 13 mil médicos de todo o mundo que apontou (com larga margem) o saneamento básico como a maior conquista da medicina nos últimos 150 anos, bem à frente dos antibióticos, vacinas, anestesia e descoberta do DNA? [2]No entanto, graças a uma bem orquestrada superexposição promovida mundialmente pelo aparato ambientalista, a preservação da ‘Amazônia’ aparece como o problema ambiental Número Um do Brasil, quando não o é.
Notas:
[1]Só 4% têm sistema coletivo de água, Diário do Pará, 03/06/2008
[2]Saneamento básico, maior conquista médica em 150 anos, Alerta Científico e Ambiental, 08/02/2007
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