TOC tem tratamento na UnB
Universidade de Brasília atende portadores de Transtorno Obsessivo Compulsivo
O Centro de Atendimento Psicológico e Estudos Psicológicos (Caep) do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) começou a prestar atendimento grupal, uma vez por semana, para portadores de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). A assistência será dada pela psicóloga Suely Guimarães, que fará também a triagem dos interessados em participar dos encontros. O TOC é um transtorno mental que altera o comportamento da pessoa com a presença de obsessões e compulsões. "Não podemos confundir manias com o TOC. Medos e preocupações fazem parte do nosso dia-a-dia, como fechar a porta antes de deitar, lavar as mãos antes ou depois das refeições, verificar periodicamente o saldo bancário. Mas quando essas atitudes começam a se tornar excessivas, quando elas são repetidas inúmeras vezes em um curto espaço de tempo, quando são acompanhadas de grande aflição e começam a comprometer rotinas de desempenho no trabalho ou em qualquer outra coisa, isso é preocupante e mostra o que chamamos de TOC", afirma o psiquiatra Augusto Nardelli. Segundo a psicóloga Marcela Abreu, do Hospital Regional da Asa Sul (HRAS), vários fatores que podem causar a doença. "O TOC pode ser de natureza biológica envolvendo aspectos genéticos, neuroquímica cerebral, lesões ou infecções cerebrais, ou provocado por fatores psicológicos, como a aprendizagem de certas formas errôneas de ver ou interpretar a realidade." Os tratamentos mais efetivos no momento, de acordo com a psicóloga, incluem o uso de medicamentos, inicialmente utilizados no tratamento de depressão, que posteriormente se descobriu ser efetivo também ao Transtorno. ?Além desses remédios, são utilizadas técnicas comportamentais que trabalham com controle de estímulos e de comportamento." O estudante de direito Pedro Campos é portador de TOC. Abandonou o tratamento no final de 2007 e ficou sabendo por amigos das reuniões que iriam acontecer na UnB. Embora se considere curado, resolveu comparecer por curiosidade. Pedro tratou-se durante dois anos em uma clínica no Setor Hospitalar Sul e parou por conta própria de tomar os medicamentos. "Eu era paranóico com algumas coisas, sempre conferia se a porta de casa estava trancada antes de dormir, lavava a louça que já estava limpa para utilizá-la novamente e tudo isso me deixava transtornado se eu não fizesse rotineiramente. Além disso eu ainda tinha nojo de pegar nos trincos de banheiro público e por isso quase nunca os usava." O estudante diz ter tomado "remédios pancada" para depressão e psicose e contra efeitos colaterais. "Eram três remédios todos os dias às cinco da tarde, quando dava dez da noite eu era incapaz de qualquer coisa, não conseguia nem mais conversar e, se deixassem, eu dormia em pé mesmo. Com um ano de tratamento comecei a me sentir melhor e mesmo assim a médica aumentou a dose, então eu decidi parar por conta própria e hoje me sinto tratado?, conta Pedro, que está curioso para ver como é o tratamento em grupo.
A psicóloga da terapia em grupo para portadores do TOC na UnB, Suely Guimarães, afirma que o trabalho, além de ser um tratamento, também será utilizado para um programa de pesquisa. "Existem inúmeras pessoas que procuram terapia afirmando ter TOC. Algumas leram em revistas e sites e se identificaram com as características, outras procuram ajuda por já sofrerem essas fortes manias. Em todos os casos eu preciso diagnosticar e para isso, eu avalio a pessoa pela sintomatologia, ou seja, utilizando instrumentos técnicos como perguntas relacionadas ao transtorno podendo assim ter um resultado mais concreto." A especialista ainda explica que o certo para o tratamento é o psiquiatra utilizar o método da medicação e o psicólogo a técnica comportamental. "Os pacientes precisam ir até o fim do tratamento, se pararem no meio, as chances do Transtorno voltar são enormes."
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