Acusado de tentar subornar delegado, banqueiro acusa Telecom Itália e PF
Em depoimento à CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara dos Deputados, o banqueiro Daniel Dantas, enfim, quebrou o silêncio desde que foi preso pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal.
Apesar de protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantia ficar calado, Dantas não se recusou a responder às perguntas dos parlamentares. Para alguns deputados, Dantas aproveitou o depoimento "para passar vários recados", como avaliou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), autor do requerimento que convocou o banqueiro. Entre os recados passados por Dantas, Fruet apontou a citação dos 25 milhões de euros que a Telecom Itália teria distribuído no Brasil como propina para políticos e autoridades governamentais. Dantas ainda alegou que o vazamento do conteúdo das interceptações telefônicas realizadas nas investigações da Polícia Federal, na Operação Satiagraha, teria sido de responsabilidade da própria PF "ou de outras fontes". "Se eu sou corruptor, quem foi o corrompido?", perguntou o banqueiro, ao se referir a perguntas mais fortes de líderes do Governo em seu depoimento na extinta CPI mista dos Correios. Dantas relatou reunião que teve com o ex-minitro chefe da Casa Civil José Dirceu, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Dantas, Dirceu teria pedido que ele conversasse com o então presidente do Banco do Brasil Cássio Casseb, que também era conselheiro da Brasil Telecom. "Ele (Dirceu) disse que o governo tinha planos diferentes para o controle da Brasil Telecom. O ministro manifestou que era uma questão societária, não era uma questão corporativa", disse Dantas. Ele disse ainda que ouviu falar que o então ministro da da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Luiz Gushiken, teria interferido junto aos fundos de pensão, para concretizar a sua saída do controle da empresa.
Monitor Mercantil
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