domingo, 3 de fevereiro de 2008

Cartões Corporativos


Ministro Orlando Silva diz que devolveu valor gasto
da Agência Brasil
da Folha Online

O ministro do Esporte, Orlando Silva, anunciou neste sábado que decidiu devolver o valor gasto com cartões corporativos em sua pasta entre os anos de 2006 e 2007. O anúncio ocorre um dia depois que as denúncias de suposto uso irregular do cartão fizeram com que a ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) deixasse o governo.
Segundo a Agência Brasil, Silva exibiu uma carta em que pede ao gerente de sua agência no Banco do Brasil que R$ 30.870,38 sejam debitados de sua conta e transferidos ao Tesouro Nacional. A carta já teria sido enviada. Esse seria o valor equivalente ao que foi gasto com o cartão corporativo desde que ele assumiu o ministério, em março de 2006.
Ele afirmou, entretanto, que esse valor refere-se apenas a despesas --e não saques-- e que a maior parte do dinheiro foi utilizado para pagamento de hospedagens.
Ontem, Matilde Ribeiro anunciou sua saída do ministério da Igualdade Racial, após denúncias de mal uso do cartão. Em 2007, essas despesas de Matilde somaram R$ 171 mil. Desse total, ela gastou R$ 110 mil com o aluguel de carros e mais de R$ 5.000 em restaurantes.
Um dos gastos considerados suspeitos foi o pagamento de uma conta de R$ 461,16 em um free shop. A assessoria da ex-ministra disse que ela usou o cartão corporativo por engano e que já teria devolvido o montante para os cofres públicos.

Tapioca
Silva é o terceiro da lista de ministros que mais gastaram com cartão corporativo no ano passado. Sua despesa somou R$ 20.112, para pagamento de diárias e alimentação durante viagens oficiais, segundo a assessoria do ministério.
Ele também teria usado o cartão corporativo para pagar o consumo de R$ 8,30 em uma tapiocaria de Brasília, o que contraria as normas, já que, na capital federal, o cartão deve ser usado apenas para despesas emergenciais. Também chamou a atenção uma conta de R$ 468 em um restaurante de São Paulo. Além disso, no mesmo dia, o ministro usou o cartão duas vezes --pagou a despesa de R$ 198 em uma churrascaria e de R$ 217 em outro restaurante.
O ministro da Pesca, Altemir Gregolin, também está sob suspeita. A fatura do cartão do ministro registra o pagamento de uma conta de R$ 512,60 de um almoço com uma comitiva chinesa em uma churrascaria de Brasília.

Mudança

Essas denúncias fizeram com que o governo federal tivesse de restringir os gastos com essa forma de pagamento. Entre as medidas anunciadas está a proibição de saques em dinheiro para pagamento de despesas cobertas pelo cartão, com exceção dos "órgãos essenciais" da Presidência da República, vice-presidência, e ministérios da Saúde e Fazenda, Polícia Federal e escritórios do Ministério das Relações Exteriores fora do país. Despesas de caráter sigiloso também não foram incluídas na proibição. As novas regras prevêem também que ministros poderão autorizar o saque de 30% do limite, o que precisará ser justificado. Os gastos com o cartão corporativo somaram R$ 75,6 milhões em 2007 --mais que o dobro que no ano anterior (R$ 33 milhões). Do montante gasto por ministros e servidores com o cartão, mais da metade (R$ 45 milhões) foi sacada em dinheiro.

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